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Giselda Laporta Nicolelis: Macapacarana (1982)

Fichamento por: Daniel Medeiros Padovani, 30/5/2016. Atualizado em 18/6/2023.
Macapacarana
é uma novela juvenil da escritora brasileira Giselda Laporta Nicolelis, publicado originalmente no Brasil em 1982 pela editora Brasiliense.  | Álbum de Capas da Autora

Gerson Luiz, um garoto de São Paulo, muda-se repentinamente para Macapá, capital do território federal do Amapá, no extremo norte do país. Lá, ele encontra um mundo novo e telúrico, desde a cidade, cheia de contrastes, até o rio Amazonas que banha Macapá pela sua margem esquerda. Mais tarde, abrindo picadas na floresta, navegando pelos rios, ele chega até o garimpo de ouro do pai. Ali, no rude ambiente da serra, ele conhece José, o cozinheiro índio, que vai introduzi-lo nos mistérios da mata e fazê-lo pensar, contestando o que vê à sua volta. Assim, ele descobre a triste realidade do índio brasileiro, aculturado, mendigando pelas estradas, ou morrendo, às dezenas, em desoladas aldeias, dizimadas pela fome e pela doença. E ainda existe o Tocha, o amigo de todas as horas, que conhece Macapá como a palma da mão, e tenta, por todos os meios, formar um time de rugby, onde só se joga futebol. Embarque num batelão, suba o rio com o Gerson Luiz, o Tocha e o índio José, e venha desvendar com eles o mundo fascinante da Amazônia. [fonte: orelha da edição de 1982] 
Nota: Na época do lançamento do livro, Amapá era um território federal, mas a partir de 1988 o território foi elevado a estado.

Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Scipione | 2019 - atualmente (2023) |
Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Scipione | 2019 - atualmente (2023) | ISBN: 978-85-4740-244-0 | Capa: Nathália Laia | Ilustrações: sem ilustrações | Projeto Gráfico: Sérgio Fernando Luiz | Prefácio: sem autor mencionado (Em defesa da Amazônia) | 

Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Atual | Coleção: Tirando de Letra | 2007-2013 |Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Atual | Coleção: Tirando de Letra | 2007-2013 | Contracapa |
Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Atual | Coleção: Tirando de Letra | 2007-2013 | ISBN: 978-85-7056-030-8 | Capa: - | Ilustrações: Edu (Eduardo Carlos Pereira) | Álbum de Capas da Coleção

Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Atual | Coleção: Tirando de Letra | 1988 - 2001 |Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Atual | Coleção: Tirando de Letra | 1988 - 2001 | Contracapa |
Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Atual | Coleção: Tirando de Letra | 1988 - 2001 | ISBN: 85-7056-030-3 | Capa: Edu (ilustração) | Ilustrações: Edu (Eduardo Carlos Pereira) | Álbum de Capas da Coleção


Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Brasiliense | Coleção: Jovens do Mundo Todo | 1982 - 1985 |Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Brasiliense | Coleção: Jovens do Mundo Todo | 1982 - 1985 | Contracapa |
Macapacarana | Giselda Laporta Nicolelis | Editora: Brasiliense | Coleção: Jovens do Mundo Todo | 1982 - 1985 | Álbum de Capas da Coleção |

Outras informações:

Título do Livro
O título do livro é uma junção das palavras "Macapá", capital do estado do Amapá, onde se passa a história; e, "Pacarana", uma espécie de roedor da Amazônia, que no livro vivia no quintal da casa do protagonista.

Personagens
| Gerson Luiz "Bolanga" (rapaz de 16 anos) | Gabriel (pai de Gerson) | Mercedes (mãe de Gerson) | Tocha (amigo de Gerson) | José "Índio" (cozinheiro do garimpo, indígena nhambiquara) | Yuri (namorada de Gerson) | dona Mundica (parteira) | Ana (amiga de Gerson) | Tico de Macapá (amigo de Gerson) | Tochinha (amigo de Gerson) | Miss Macapa (amiga de Gerson) | Camarão (amigo de Gerson) | Zé Grande (garimpeiro) | Biló (garimpeiro) | Arranca-Toco (garimpeiro) | Zé das Neves (garimpeiro) | João "Gringo" (garimpeiro) | dona Clarice (professora de História e Geografia) | Bá (parteira) | aeromoça | Trampo (cachorro) | Trambique (cachorro) | Sinhá Moça (pacarana) | Xereta (galo) | 

Locais
| Brasil (país) | São Paulo (estado) | São Paulo (cidade) | Amapá (estado) | Macapá (cidade) | Amazônia (floresta) | casa da família de Gerson | escola | floresta | acampamento dos garimpeiros | Cariaú (comunidade quilambola) | 
Nota: No livro é mencionado que Gerson nasceu em uma fazenda no estado do Paraná e que também morou nas cidades de Curitiba (estado do Paraná) e Porto Alegre (estado do Rio Grande do Sul). Além disso, durante a conexão de sua viagem de São Paulo a Macapá, ele visitou a cidade de Belém (no estado do Pará).

Premiação
- Em 1983, ganhou o Prêmio APCA de Literatura, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, na categoria Livro de Autor Juvenil.
- Em 1985, obteve Menção Honrosa no Prêmio Alfredo Machado Quintella, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
- Em 2020, foi aprovado no PNLD Literário, do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC).
- Em 2021, foi selecionado para o Clube de Leitura ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) em Língua Portuguesa, da Organização das Nações Unidas (ONU), na categoria Redução das Desigualdades.
[fonte: Coletivo Leitor] 

Conteúdo
O livro é dividido em 24 capítulos, sem títulos.

Adequação Temática e Gênero Literário
No Guia do Professor, da editora Scipione, é apresentado o seguinte texto sobre a adequação temática e gênero literário de Macapacarana:
    Macapacarana retrata o dia a dia do jovem Gerson Luiz, que nasceu no Paraná e morou em vários outros estados antes de partir na companhia da mãe, de São Paulo para o Macapá, para se juntarem ao pai, que anos antes fora para a região Norte em busca de ouro.
    A obra não apenas relata as dificuldades iniciais de adaptação do jovem à nova realidade, como também descreve o dia a dia dos moradores da região, com os quais Gerson interage e aprende. Destaque para a relação de amizade que o protagonista estabelece com o índio José e as reflexões que faz a respeito do extermínio de muitos povos indígenas e a necessidade de aculturação. Cabe também ressaltar que é ao observar o trabalho da parteira Mundica que o jovem descobre seu desejo de estudar Medicina. Esse convívio faz com que ele vá para o Sul estudar, mas com a promessa de voltar para a região para ajudar as pessoas como médico.
    Quanto ao gênero literário, trata-se de uma novela. Por isso, é importante destacar os aspectos que definem esse gênero. Afinal, é a estrutura de uma narrativa que vai determinar essa classificação, e não o fato de ser mais longa que um conto ou mais curta que um romance. Na novela, os acontecimentos se sobrepõem às ações dos personagens. Viktor Chklovski (1989, p. 50) sintetiza bem a peculiaridade do gênero: "Geralmente, a novela é uma combinação das construções em caracol e em patamares, e, além disso, complicadas por diversos desenvolvimentos.".
    E em Macapacarana é exatamente uma estrutura com muitas reviravoltas e intrigas que se apresenta. A história começa com o telefonema do pai de Gerson declarando que está doente e precisa da família. Escrita na primeira pessoa, a narrativa avança de peripécia em peripécia e Gerson Luiz vai paulatinamente se adaptando à nova realidade, até se sentir integrado à comunidade.
    Nessa novela, aspectos da realidade compõem um enredo cheio de aventuras e descobertas de um jovem na região amazônica. Desse modo, você, professor, poderá apresentar aos alunos um pouco da diversidade cultural, social e ecológica de uma zona de garimpo localizada no Norte do Brasil.
[fonte: Scipione] 
Nota: No texto acima é citado um trecho do ensasio "A arte como processo", do escritor russo Viktor Chklovski, publicado na edição de 1989 da editora portuguesa Edições 70 do livro Teoria da Literatura I: Textos dos formalistas russos, organizado pelo filósofo búlgaro Tzvetan Todorov.

Citações:
Meu nome é Gerson Luiz, mas me chame de Bolanga. Conheço o Brasil inteiro, adoro futebol e dou soco na cara do primeiro filho da mãe que disser que homem não chora.

(...) paca é uma coisa, pacarana é outra. Pacarana tem rabo e está em vias de extinção, acho que é mais bonita também. É um bicho raríssimo de se encontrar, acho que o amigo do pai achou quando foi caçar e pegou ela pra mascote, acho que se apaixonou por ela, assim como eu. Por isso, quando eu escrever paca, pra facilitar paca, leia-se pacarana, tá? Obrigado.

Atrás deles, desponta um homem atarracado, cabelo comprido e preto, jeito maneiro e pele avermelhada.
O pai chama:
– Vem cá, conhecer meu filho!
O cara se chega, manso, simpatizei na hora. Vem dele uma coisa forte e boa ao mesmo tempo, sei lá o quê.
O pai fala novamente:
– Gerson, este é o Índio, o cozinheiro. Toma conta do garoto pra mim, Índio!
Índio estende a mão, aperta forte.
Começa assim uma amizade que nunca mais ia se acabar, maior que a amizade dos Ticos da vida, maior até que a amizade do Tocha. Uma amizade tipo irmão de sangue.
Então, nem sei por quê, fiz a pergunta mais cretina da vida:
– Você é índio mesmo ou só tem o nome?
Ele sorri, um sorriso triste de quem entende pergunta besta.
– É uma história comprida; qualquer dia eu conto pra você.

Acordo de manhãzinha com o rebuliço da turma, de pé há muito tempo. Vou até o rio e tomo outro banho, uma delícia. O Índio já tinha preparado a milharina, água de rio, açúcar, milho e coco ralado. A coisa é tão boa que eu como três vezes.
Aí o pai me chama pra ver o local de onde eles tiram o ouro. Clarice, você precisava ver...um buracão de uns vinte metros de fundura por uns dez metros de diâmetro, parece buraco de metrô, lá dentro a máquina trabalhando, um barulhão que faz a tal draga. Os garimpeiros acabaram de tirar uma mostra do novo veio, deu um grama de ouro de uma só bateiada, o pai disse que está bom.

Fontes:

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